quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Mercúrio de garimpos ameaça saúde de peixes e ribeirinhos no Amazonas

O Conselho Estadual de Meio Ambiente do Amazonas (Cemaam) aprovou no final do mês de junho a resolução 011/2012, que trata de procedimentos para o licenciamento da atividade garimpeira de ouro no Estado. Segundo pesquisadores, o mercúrio é um metal altamente tóxico, com efeitos prejudiciais à vida de espécies da fauna amazônica e seres humanos que vivem nesta região.
Na última sexta-feira (27), o Ministério Público Federal  instaurou um inquérito para apurar a legalidade da resolução, sob os aspectos jurídicos e técnicos. O inquérito também analisa a compatibilidade da resolução com as normas federais que regem a atividade garimpeira do ouro. Para isso, o Ministério Público solicitou ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e à 4ª Câmara de Coordenação e Revisão (CCR) do MPF análise técnica e parecer técnico e jurídico da resolução, indicando a existência de pontos de eventual incompatibilidade das regras propostas pelo conselho estadual com a legislação federal que trata do tema.
Estudos já realizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), há a análise de concentrações de mercúrio no cabelo de pescadores de uma vila no Rio Tapajós. Com testes de habilidades motoras e visuais, os resultados da pesquisa mostraram que o mercúrio está relacionado com  problemas como a restrição de campos visuais e fatiga muscular destes ribeirinhos.
Segundo a pesquisadora do “Projeto Tartarugas da Amazônia – Conservando Para o Futuro”, Larissa Schneider Guilhon, consumo das espécies da fauna amazônica é a principal e mais efetiva forma de bioacumulação de mercúrio por seres humanos. A maior concentração de mercúrio nos quelônios é encontrada no fígado, e seu consumo deve ser moderado,  especialmente no prato sarapatel, onde todos os órgãos da tartaruga são adicionados. No caso dos jacarés, as duas espécies mais consumidas na Amazônia são o jacaré-açu e o jacaretinga, as duas espécies são carnívoras e o consumo frequente dessas espécies de jacarés pode levar a uma ingestão alta de mercúrio e consequentemente, causar riscos a saúde da espécie e dos seres humanos que consomem. Guilhon finalizou dizendo que o aumento da exposição desses animais ao mercúrio pode seriamente afetar a habilidade desses animais a continuar a sobreviver, uma vez que o mercúrio tem um efeito tóxico acumulativo. As espécies de répteis na Amazônia sofrem uma variedade de ameaças, e o aumento da concentração do mercúrio nos ecossistemas amazônicos, eventualmente, podem exceder a habilidade de algumas espécies sustentarem populações viáveis.

Fonte: Portal Amazônia

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