quinta-feira, 7 de julho de 2011

Princípio de epidemia de filariose no Amazonas reacende discussões sobre a doença

MANAUS – O município de Juruá (a 674 quilômetros de Manaus) sofre uma crise de mansonelose, doença que causa febre e dores nos músculos e articulações – sintomas semelhantes ao da malária. Segundo especialistas, apesar de a enfermidade atingir milhares de ribeirinhos no Amazonas, ela ainda é ignorada pelo Ministério da Saúde.
A mansonelose é uma doença causada por filária da espécie Mansonella ozzardi. O parasita é transmitido pelo mosquito Simullidae, conhecido na região como “borrachudo” ou “pium”, típico de áreas banhadas por rios com forte correnteza. Somente na área rural de Juruá, aproximadamente 40 casos da mansonelose foram confirmados nesta semana. Os sintomas costumam surgir por volta dos 40 anos, quando os ribeirinhos já apresentam grande quantidade de parasitas. A região é banhada pelo rio Juruá, afluente do Solimões.
De acordo com a parasitologista Marilaine Martins, é difícil saber o número exato de pessoas infectadas pela filária no Amazonas, devido aos sintomas serem parecidos com os de outras doenças mais conhecidas no Estado. “Geralmente os ribeirinhos pensam que estão com dengue ou malária, por sentirem febre e dores no corpo. Como vivem em áreas distantes, não costumam procurar o auxílio de médicos e a carga parasitária aumenta”, explica a especialista.
Um grupo de pesquisadores da Fundação de Medicina Tropical (FMT), com apoio da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), estuda a doença na região do médio Solimões. Há um ano, em visita de campo, os especialistas constataram que cerca de 14% da população do município de Coari (distante 363 quilômetros de Manaus) estava infectada pelo parasita. Apesar dos altos índices, o Ministério da Saúde não possui política de controle contra os mosquitos transmissores do parasita. “O Ministério ainda não olhou para isso. Estamos estudando e lutando para ajudar os ribeirinhos”, destaca Marilaine.
Devido ao risco de epidemia em Juruá, a Secretaria Municipal de Saúde recorreu à Fundação de Vigilância em Saúde (FVS). “Pedimos apoio à FVS para tratar estes infectados. O município não tem remédios apropriados para resolver o problema, então esperamos ajuda do Governo Federal”, informou o gerente de Endemia do município, Marcos Antônio Ferreira.

Fonte: Portal Amazônia

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