quarta-feira, 22 de junho de 2011

Ameaçados podem ter proteção permanente

As ameaças de morte contra um grupo de nove pessoas em Ipixuna do Pará que estão sob proteção policial impede que elas retornem ao local onde vivem, o mesmo onde o casal de ambientalistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santos foi assassinado a tiros por pistoleiros no final de maio passado. Elas estão em Marabá, em um local conhecido somente das autoridades e ontem foram ouvidas em depoimento por defensores públicos.
Os agricultores ameaçados deixaram o assentamento Praialta Piranheira sob escolta da Força Nacional, que está na região para combater conflitos agrários. Os depoimentos foram prestados ao coordenador do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado, Márcio da Silva Cruz. Uma das pessoas ouvidas foi Claudelice Silva, irmã de José Cláudio. Segundo Cruz, o objetivo do trabalho é saber se as ameaças têm relação com a militância dos envolvidos na luta pelos direitos humanos.
Ainda não foi decidido se os nove ameaçados ingressarão no programa de proteção, formado por diversos órgãos federais, estaduais e entidades da sociedade civil. Para entrar nesse programa as pessoas teriam de mudar radicalmente seus hábitos e até de nome. Elas poderiam sair do Estado, caso queiram. Hoje, no Pará, sete pessoas vivem nessa condição. Outras 16 já tiveram a proteção autorizada, embora ainda não estejam oficialmente protegidas.
PROTEÇÃO
Maria Joel Costa, viúva do sindicalista José Dutra da Costa, o “Dezinho”, assassinado a mando de fazendeiros de Rondon do Pará, é uma das sete pessoas que vivem sob permanente proteção da polícia. A escolta é feita durante 24 horas. Para entrar no programa, a pessoa ameaçada precisa autorizar sua inclusão.
De acordo com Márcio Cruz, muitos ameaçados preferem não entrar no programa. Este é o caso do bispo do Marajó, dom Luiz Azcona, e do padre Amaro, de Anapu. Ambos entendem que a escolta policial mudaria seus hábitos e não garantiria que eles ficassem livres de eventuais atentados. O frei Henri des Rosiers, de Xinguara, relutou, mas acabou aceitando a proteção.

Fonte: Diário do Pará

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