domingo, 5 de agosto de 2012

Pará lidera casos de hanseníase no Brasil

A enfermeira e diretora do Abrigo "João Paulo II", Milene Borges, mostra a moeda antiga de mil réis, cunhada com a discriminatória inscrição "Hospício dos Lázaros". O "dinheiro de leproso" é um ícone do pesadelo social que a hanseníase provocou até o final da década de 1990, quando ocorreu a popularização da cura pelo tratamento poliquimioterápico. Hoje, a mutilação e o contágio ainda impõem medo e preconceito, sobretudo, em Estados como o Pará, primeiro em número de casos novos no Brasil. Dados da coordenação de controle da hanseníase da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) do Pará mostram 3.876 contaminados, em 2011, e 1.940, neste ano contando somente os registrados até junho passado.

No ranking nacional, o Pará é o primeiro em casos novos. Em seguida, aparecem Maranhão, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso e Goiás. Em relação à incidência, o Pará figura em quinto lugar, com 51,13 infectados para cada cem mil habitantes. Nesse quseito, o primeiro lugar é do Mato Grosso, hoje com um índice de detecção de mais de cem casos a cada cem mil habitantes, seguido de Tocantins, Rondônia Maranhão.

O ex-vendedor de coco José Antonio Varela Dias, de 58 anos de idade, vive somente há dois anos e meio no "João Paulo II", espaço organizado para cem hansenianos, hoje com 62 leitos ocupados, remanescentes da antiga colônia com mais de três mil pessoas segregadas no hoje bairro Dom Aristides, no município de Marituba. Em um lugar onde há moradores da década de 1940, os primeiros anos de fundação, Varela representa uma parcela nova de gente que ainda é atingida pela doença e pelas consequências sociais do bacilo de Hansen, que traz consigo o risco de mutilação e ainda a discriminação e o isolamento.

Varela se descobriu doente aos 40 anos e já estava com lesões graves no pé esquerdo quando foi encaminhado pela unidade de saúde "Demétrio Medrado" para o "João Paulo II". Sem documentos ou chance de cuidados adequados, foi entre os hansenianos que ele descobriu uma nova vida. "Se me perguntarem se sinto saudade da minha família, digo que sim. Mas aqui eu achei uma tranquilidade que eu nunca tive", conta o ex-vendedor, hoje transfigurado em artista plástico.

Fonte: O Liberal

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