segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Belo Monte põe índios em risco, diz pesquisadora

Durante debate no 35º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais, a professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Sônia Magalhães, que desde 2007 estuda comunidades afetadas, alerta que impactos ambientais não constam dos estudos sobre o empreendimento e denuncia que condicionantes para a instalação da usina, como a desintrusão de invasores das terras indígenas não estão sendo cumpridas. "Por meio de modelos matemáticos e de engenharia, o consórcio responsável pela obra diz que o rio Xingu não corre o risco de secar. Não é o que os índios pensam. Pela sua experiência, os velhos estão seguros do contrário e não há modelo matemático que os convença", disse. "Eles contam que na época de seca, com a diminuição da vazão do Xingu, peixes podiam ser retirados do rio já cozidos. Imagine como será com a diminuição da vazão", questiona Sônia.

Integrante da Comissão de Assuntos Indígenas da ABA e pesquisadora do povo Xikrin do Rio Bacajá - afluente do Rio Xingu - há 20 anos, Cibele Cohn afirma que os índios não conseguem expor sua opinião ou se defender dos impactos das obras porque não foram informados adequadamente sobre o projeto. Segundo a professora da Universidade Federal de São Carlos, há menos de um mês, quando viram pela primeira vez fotos de outras barragens, houve reações inesperadas. "Até esse ano, os Xikrin nunca tinham visto a foto de uma barragem", afirmou ao relatar uma reunião organizada pelas lideranças nas aldeias. "Em uma cena muito marcante, quando um dos velhos viu um paredão de uma barragem semelhante ao que será construído, ele disse: é muito pior do que eu estava esperando", narrou a antropóloga.

A Fundação Nacional do Índio (Funai), por outro lado, informa que promoveu 38 reuniões e quatro audiências públicas nas aldeias. Acolhendo as denúncias dos índios, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, braço da Organização dos Estados Americanos (OEA), também não considerou as consultas da Funai adequadas. Em abril, por meio de medida cautelar, determinou que o Brasil interrompesse a instalação da usina até que as consultas fossem refeitas de forma "livre, informativa, de boa fé" e em língua indígena, "com o objetivo de chegar a um acordo" com as sete etnias afetadas.

Fonte: O Liberal

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