domingo, 25 de setembro de 2011

Vélber: do São Paulo ao São Raimundo

Vélber é daqueles exemplos que provam o quão efêmero pode ser o sucesso no mundo do futebol. Um dos
destaques de uma geração que alçou o Paysandu a uma inimaginável e histórica vitória sobre o Boca
Juniors, na Bombonera, na Libertadores de 2003, ele chegou ao topo em alta velocidade. Como quem pega
um elevador, deixou o time de Belém para jogar no badalado São Paulo, mas viu o sonho do Morumbi se
tornar em uma dura realidade em ritmo lento, descendo degrau a degrau a escada da bola, até chegar ao
modesto São Raimundo (PA) para a disputa da Série D.
Atacante rápido e de dribles curtos, o baixinho de 1,69m chamou a atenção de clubes brasileiros ao lado
de nomes como Iarley e Robgol no Papão da Curuzu. As exibições impressionantes, por sua vez, não foram
repetidas no Sudeste, onde, depois de dois anos no São Paulo, ainda defendeu a Ponte Preta em uma
jornada que incluiu todas as divisões do Brasileirão em um curto alfabeto de A a D sem muito sucesso.
Aos 33 anos, o Risadinha, como é chamado em Santarém, não desiste de, enfim, vingar em um grande clube.
E, apesar de uma eliminação precoce na primeira fase da quarta divisão ser a realidade atual, vende seu
peixe e manda o recado ao mercado:
- Queria falar que estou aí, à disposição de qualquer clube. Estou bem, e tenho certeza de que tenho
condição de voltar a um grande clube.
Da passagem de dois anos pelo Morumbi, Vélber guarda boas recordações e uma frustração: a dificuldade
para se manter em forma. Titular assim que chegou ao Tricolor paulista, em 2004, o jogador acumulou
lesões e se tornou mero figurante no ano seguinte, com pouca participação no título paulista e ausência
nas campanhas que garantiram a Libertadores e o Mundial de Clubes.
- Muitos dizem que no futebol não existe sorte, mas existe, sim. E foi isso que me faltou no São Paulo.
Quando estive bem, como titular, tive duas contusões complicadas. Primeiro, entrou um bicho na minha
perna que eu tive risco até de amputação. Levei um ano me recuperando, e quando voltei a jogar sofri um
estiramento na coxa. Foi isso que me complicou bastante. Quando voltei, o Danilo já estava fazendo gol
de tudo quanto é jeito. Até de tiro de meta (risos). Isso me atrapalhou. Mas só agradeço ao São Paulo.
Volta para casa e queda livre
O fracasso no São Paulo nunca foi bem digerido por Vélber, que rodou por Fortaleza, Ponte Preta,
América (SP) e Itumbiara (GO) antes de voltar praticamente para a estaca zero em seu estado natal.
Ídolo no Paysandu, se transferiu para o Remo, onde, apesar de conseguir pequeno destaque, foi rebaixado
para a Série C em 2007.
- Fui campeão goiano pelo Itumbiara, mas, com saudade da família, voltei para Belém e não consegui mais
sair. Não tenho empresário, e isso deixa tudo mais difícil. Se é ruim com empresário, pior sem ele. Não
consegui mais voltar para a vitrine.
O retorno ao Pará só foi quebrado por uma rápida passagem pelo América de Natal, no ano passado. As
idas e vindas entre Remo e Paysandu, porém, terminaram no início de 2011, com o convite do São
Raimundo. O panorama bem contrastante com o encontrado nos tempos de São Paulo assusta, mas não faz
Vélber lamentar o rumo da carreira.
- Não posso reclamar. Tenho que agradecer ao São Raimundo pela oportunidade de jogar aqui. A vida
continua.
Passaram os momentos de luxo, ficaram as lembranças. O atacante rápido não existe mais, se transformou
em terceiro homem de meio-campo. Entretanto, as histórias do mundo da bola ainda fazem de Vélber um
jogador diferenciado no precário mundo da Série D, principalmente pelos momentos de sucesso que ele não
se cansa de contar.
- Aquele jogo contra o Boca foi marcante, o título da Copa dos Campeões (2002) com o Paysandu.... São
vários momentos importantes. Fui campeão paulista, da Libertadores e do Mundial pelo São Paulo (não
jogou nas duas últimas conquistas). Não posso falar que só uma fase foi especial, o que preciso é agradecer muito a Deus por tudo que conquistei na minha vida.
Com o futuro em aberto por conta da eliminação do São Raimundo, o ex-são-paulino garante ainda ter
“muita lenha para queimar” e avisa aos clubes do Sul e Sudeste que é como vinho e só evoluiu com o tempo.
- Hoje jogo até melhor do que quando tive 20, 25 anos. Sou mais experiente, uso mais minha inteligência, apesar de continuar a dar meus piquezinhos (risos). Cuido-me bem para jogar mais um tempo e estar sempre pronto, até mesmo para outros clubes que precisem dos meus serviços. Não desisto. Tenho fé em Deus de que um dia posso voltar a vestir uma camisa de um grande clube. Isso só depende de mim.
Já tive a oportunidade.
Otimismo justificável para quem se cansou descendo a escada da bola, mas sabe bem que com um elevador
pela frente basta que a porta se abra para tudo ficar mais fácil.

Fonte: Globo Esporte

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