Um tribunal de contas é, segundo o Aurélio, "um órgão independente dos três poderes constitucionais, com jurisdição própria e privativa, incumbido de fiscalizar a execução do orçamento e julgar as contas dos responsáveis por dinheiros e outros bens públicos". Panelinha é, segundo o mesmo dicionário, "conluio para fins pouco sérios" ou "grupo de políticos que, no poder, procuram obter vantagens individuais". Pois no Pará, que tem dois tribunais de contas, um chamado dos Municípios e criado para abrigar compadres em fim de carreira, este tribunal de contas e panelinha são as mesmas e piores coisas.
Quando chamado para fazer seu papel de "julgar as contas" do responsável por dinheiros e outros bens públicos de Ananindeua (no caso, o prefeito Helder Barbalho, filho do ficha suja abastada que consegue pairar - com todo um fardo de processos contra ele - acima de governos e tribunais), o Tribunal de Contas dos Municípios mostrou que é panelinha. As contas do Barbalho filho do exercício de 2005 - que tinham parecer prévio do Ministério Público pela rejeição - receberam, no dia 13 passado, parecer favorável à aprovação. Hélder ficou livre da inelegibilidade. Um prêmio para um prefeito que carrega uma das maiores rejeições eleitorais do Estado pelo desempenho pífio em Ananindeua, onde os moradores não conseguem escapar da lama, da sujeira, da falta de médicos e remédios.
Pois o mesmo Tribunal de Contas dos Municípios, que custa aos contribuintes paraenses R$ 86,3 milhões por ano, mostrou que é mesmo uma panelinha do ficha suja Jader Barbalho. Além de já ter uma irmã dele como conselheira e uma cunhada como auditora, deve receber o secretário particular de Jader, o porta-malas Antonio José Guimarães, um engenheiro florestal que só deve entender de contar madeira, como novo conselheiro, na vaga aberta com a saída de Alcides Alcântara, que se aposentou antes do tempo.
Na experiência de Antonio José, além de carregar a mala com as fichas sujas do patrão, nada há de notórios saberes jurídicos e contábeis, econômicos e financeiros, como a lei exige para os candidatos ao cargo. Antonio José foi coordenador do extinto Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF, atual Ibama) e servidor da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), onde viu o patrão Jáder abrir um rombo na floresta de dinheiros públicos para plantar um dos maiores escândalos no órgão de desenvolvimento regional. O caso rendeu a Barbalho a cena inédita de exibir, à frente do pelotão da Polícia Federal, um par de algemas nas mãos sob um livro arranjado na hora. Antonio José também foi acusado pelo Ministério Público Federal de participar do esquema.
Fonte: O Liberal
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